Dia 16 - Escreva um Romance.
"Ok, dessa vez o dia vai funcionar, e nada vai estragar meu humor. Nem mesmo essa manchinha pequena de batom que consegui fazer no meu suéter novo. Isso não vai estragar meu dia, não vai. E eu posso fazer esse mantra por 16 quadras, sem me arrepender de ter começado. Porque nada vai estragar meu humor, nada vai estr" A poça de água molhou toda sua roupa. A mancha de batom se tornou apenas um pequeno detalhe em meio a toda aquela roupa molhada. O culpado: olhos verdes, sorriso de lado, de lambreta. A vítima: baixinha nervosa, com a roupa molhada.
- Senhorita, me perdoe. Eu não queria ter feito isso, me perdoe mesmo. Poxa, derrubei seu café, café é muito bom pra ser perdido.
- Você está preocupado com meu café? Escutei isso mesmo? "Ok. Isso me deixou um pouco curiosa a respeito dos olhos verdes, mas eu ainda estou brava", pensou.
- Sim, você não está? As suas roupas estão molhadas também, eu sei. Mas café é o melhor. Desculpa, qual seu nome? Vamos, vou te pagar um café! "Ela fica bonita toda perdida assim, talvez eu tenha feito de propósito".
Ele sorriu e deixou os braços prontos para receber os dela. Ela tentou guardar o sorriso, mas acabou cedendo e deixou transparecer o brilho do sorriso por um tempo bem breve.
- Moço, não funciona assim. Eu estou molhada, e com frio. E tenho horários e as minhas obrigações não podem esperar e
- Claire!
- Oi? Como você sabe o meu nome, moço?
- Você desce do metrô na mesma estação todo dia. Toda terça-feira você pede dois cafés, e passa mais rápido pelo Café S. Acho que comprar dois te deixa meio atrasada. Gosto do seu suéter novo, mas eu prefiro aquele azul royal. Combina com sua pele branquinha.
- Eu tô começando a ficar assustada, com licença - Se abaixou e pôs-se a pegar as suas coisas.
- Não sou nenhum maníaco, ta bem? Você bateu na minha porta há uns 2 anos, me dando boas vindas. E quando meu gato sumiu, você foi a primeira que ajudou com os cartazes, mesmo não sabendo quem era o dono. E eu sou enfermeiro no hospital que você faz um projeto com as crianças. Moro no 4B. Te vejo todo dia, e tento te oferecer uma carona, mas você tá sempre ocupada demais, ou sempre conversando com você mesma, e ai fica difícil.
- Nossa, me desculpa...
- Derick!
- Me desculpa Derick, mesmo. Eu não me atentei a essas coisas. Acho que estou embaraçada agora. - Soltou os braços e apenas olhou para os pés, observando o café caído por ali. "É, eu fico aqui implorando pra Deus um romance, e só consigo perceber um provável quando me derrubam algo, ou me molham por causa de uma poça? Sacanagem, Senhor!"
- Vista isso e vamos. Eu tenho muito o que contar sobre como você é engraçada quando sai conversando com você mesma! - Ele sorriu, e ela percebeu que sorriu de volta. Talvez ela queira mesmo saber sobre suas histórias. Talvez ela deva mesmo vestir o casaco do moço da lambreta e ir tomar um café.
Talvez seja bom.
- Vamos lá!
Vestiu. E foi.
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