Por trás de uma mascara.

"Todos os anos acontece a mesma coisa" dizia ela enquanto sua ama terminava de arrumar-lhe os cabelos.
"Mas, senhorita, o que podemos fazer?" perguntava a ama. 
"Podemos nunca mais comemorar coisa alguma, seria ótimo parar de fingir que nada de ruim nos acontece." Respondeu-lhe a menina. 
Todos os anos, naquela mesma data, sua família realizava um baile de mascaras. Quando pequena para ela era um unfortunio ter de sair mais cedo da festa, dizia que era um absurdo ter que se deitar quando todos estavam a se divertir. Mas muitas primaveras se passaram e sua mente começou a pensar diferente, a grande mudança acontecerá no ultimo ano, quando seu coração foi roubado e quebrado por um jovem arlequim. 
"Não quero ir!" Gritou ela para quem quisesse ouvir. Porém reclamações de adolescentes nunca são ouvidas e por isso foi obrigada a ir com a desculpa de que, talvez, aquele jovem nunca mais aparecesse na festividade. 
Mascaras, risos e dança. Foi tudo o que ela encontrou quando desceu as escadas em rumo ao tão indesejado baile. Como poderia ela se divertir sendo que cada detalhe lhe lembrava aquela noite? Como poderia ela sequer sorrir sem nem mesmo ter um coração? 
A noite corria e após um longo tempo, ela encontrou-se rindo das brincadeiras de seu irmão mais novo. Tudo parecia calmo novamente, parecia-lhe até que o coração havia voltado ao lugar, parecia que, na verdade, seu coração nunca havia saído do lugar ou que nunca lhe ocorrerá dano algum. De repente em meio aos rodopios e risadas surge uma mascara que a surpreende. Ela para de dançar e decide se recolher, talvez tenha sido a bebida que já lhe subia as faces ou o cansaço de tudo. 
A caminho cruza-lhe um sorriso zombeteiro por trás da mascara e uma mão lhe leva novamente a dança. Hipnotizada pelos movimentos e pela a incerteza ela se deixa levar. Uma volta, duas voltas, ou até mesmo três, ela já não contava mais. Lábios sussurram ao seu ouvido, ela responde dizendo que não quer mais, dizendo que já se machucou demais naquela brincadeira. 
"E se não for mais uma brincadeira?" Pergunta-lhe
"Não importa, eu não vou me machucar novamente." Responde.
"Não quero que você se machuque, eu nunca quis isso." 



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